O Desenvolvimento da Congregação entre 1879 a 1884 (História - Capítulo III)



O CAMINHO PERCORRIDO PELA CONGREGAÇÃO
DOS OBLATOS DE SÃO JOSÉ
NOS SEUS PRIMEIROS
CINQUENTA ANOS DE HISTÓRIA
 1878 - 1930

CAPÍTULO III
O DESENVOLVIMENTO DA CONGREGAÇÃO
ENTRE 1879 A 1884

27 - Depois dos primeiros seis meses no Michelerio, os “Irmãos de São José” começaram a ter uma ideia do projeto do Marello para eles, particularmente porque eram acompanhados diariamente com instruções. Diante disso, Marello procurou dar-lhes um distintivo, diferente de simples empregados do Michelerio, para que fossem vistos como religiosos, pois os queria preparados para  os fins apostólicos. Aconteceu que no início de 1879 Marello fez uma peregrinação à França, ao túmulo de São João Maria Vianey e ali conheceu o serviço prestado pelos “Irmãos da Sagrada Família” (leigos fundados por Gabriele Taborin), gostou do hábito religioso deles e o quis para os seus Oblatos. De fato, aos 19 de março de 1879 os Irmãos Oblatos receberam o hábito religioso e partir daí o povo começou a tomar consciência de que tinha nascido em Asti uma nova instituição religiosa. A cerimônia foi presidida pelo cônego Cerutti e cada um deles recebeu um nome de religioso (Medico recebeu o nome de Irmão João...). Apesar de certas críticas, Marello conseguia fazer voltar para Asti a prática da vida religiosa depois de 80 anos, devido à lei da supressão das Ordens religiosas no Piemonti. Muitos se alegraram com a nova família, até Leonardo Murialdo quis visitar pessoalmente os Irmãos no dia 22 de julho de 1879 e louvou a iniciativa inclusive em uma homilia sobre São José, na qual dizia “admirar-se com o exemplo dos josefinos de Asti”.
28 - No ano da vestição (1879), dois internos do Michelerio passaram a fazer parte da comunidade dos “Irmãos de São José” e mais um outro camponês de 33 anos. Os três fizeram a vestição no dia 18 de março de 1880, depois de um ano de experiência. Marello pagava a pensão aos Irmãos, também se estes trabalhavam na assistência aos internos e como assistentes tipógrafos e sapateiros no Michelerio. O dinheiro para o pagamento Marello retinha de suas economias e da ajuda de seu bispo, Dom Carlo Savio, denominado por Pe. Carandino de o Avô da Congregação, tanto é verdade que Marello se tornou o herdeiro dos seus bens em benefício da sua Fundação. Em janeiro de 1881 entrava Vincenzo Baratta, com 26 anos de idade, o qual era acompanhado pelo Marello como seu diretor espiritual.
29 - As primeiras dificuldades começaram a aparecer quando os Irmãos que prestavam serviços no Michelerio em várias atividades, inclusive na limpeza e na horta, começavam a ser tratados com humilhações pelo vice-reitor, Pe. Giuseppe Asso, de caráter forte e substituto do Cerutti quando este saíra. Entretanto, Marello os encorajava a suportar tudo com paciência. Também o cônego Cerutti que sentia uma espécie de inveja pelo Michelerio, e não via muito bem os Irmãos com a veste e querendo ascender ao sacerdócio, por isso quando se lhe apresentava alguém querendo entrar na Fundação do Marello e que tivesse o desejo de ser padre, ele o endereçava para o seminário diocesano.
30 - Com a morte de Dom Savio em 1881, Marello ficou sem apoio, por isso exortava aos Irmãos a se colocarem nas mãos  da Providência. Dom Ronco, o novo bispo, não lhe deu o apoio necessário no início porque pensava que os  “Irmãos de São José “ eram do cônego Cerutti, o qual não era bem visto pelo bispo.
31 - Sendo insustentável a situação dos Irmãos no Michelerio, no final de 1882, Marello conversou com o cônego Cerutti e se chegou à conclusão que os Irmãos fariam a comida por conta e que o trabalho por eles prestado na casa ficaria para pagar o aluguel das duas salas. Com essa decisão, os Irmãos ficaram mais autônomos, o que foi providencial porque começaram a chegar as vocações visto que a aceitação de novos membros para a Fundação dependia somente do Marello. Paralelamente com a data do novo acordo com o cônego Cerutti, houve a coincidência da entrada de Pe. Giovanni Battista Cortona, mais precisamente em agosto de 1883, Pe. Cortona tinha sido ordenado em fevereiro daquele ano e em seguida pediu a Marello para fazer parte dos “Irmãos de José” como sacerdote, se bem que o desejo inicial do Marello para a sua Fundação era para o trabalho manual, o catecismo, a ajuda aos párocos, e como sacristãos, mas Marello viu neste fato a oportunidade para Irmãos buscarem os estudos e o sacerdócio. Além disso o, acordo feito com o cônego Cerutti possibilitava ao Marello aceitar novas vocações e, portanto essa era a oportunidade para se abrir para essa perspectiva.
32 - Juridicamente Pe. Cortona pertencia à diocese de Alessandria, mas tinha a permissão do bispo desta diocese para permanecer em Asti e, portanto não entrava em questão a diocese de Asti. A decisão de Pe. Cortona em  se tornar Oblato valeu-lhe o título de traidor por parte do cônego Cerutti que o queria como seu substituto no Michelerio. A presença de Pe. Cortona foi incentivo para outros começarem a estudar, a começar do Irmão Giovanni Battista Medico e depois do Irmão Simione Baratta, os quais, em novembro de 1883, iniciaram os estudos em preparação ao sacerdócio e fizeram a vestição clerical.
33 - O próprio Pe. Cortona confirma o acesso de alguns Irmãos aos estudos eclesiásticos quando já velho e quase às portas da morte, escrevera no ano de 1931: ”Dom Marello, ao fundar a Congregação, tinha idéias muito modestas: instituir uma Congregação apenas com leigos, os quais se dedicassem aos trabalhos mais humildes na Igreja. Esta foi a sua primeira ideia. Mas Nosso Senhor lhe disse: ‘Ascende superius’, e na sua Providência dispôs que aqueles que entre eles tivessem maior inclinação pudessem estudar e se preparar para a ordenação”. A entrada de Cortona na Congregação tirou as esperanças do cônego Cerutti a ponto de dizer essa frase desconcertante, testemunhada por Irmão Coppo: “Criamos serpentes dentro de casa”.
34 - Em relação aos “Irmãos de São José”, o bispo de Asti, Dom Ronco, estava como afirmou Pe. Carandino: “neque favens neque obstans”, simplesmente a ignorava, pelo motivo já acenado. Por isso, a entrada de Pe. Cortona para ele não dizia nada, era apenas uma questão interna da Casa do Michelerio com os Irmãos. Mais complicada era a questão de Enrico Carandino que era seminarista diocesano e que saíra por motivos de saúde, mas que desejava fazer parte da Fundação de Marell o que era o seu diretor espiritual no seminário de Asti, pois a sua aceitação implicava em pensar que Marello desviava esta vocação para o seu Instituto. Mas Carandino, neste período se achava em sua casa em restabelecimento de saúde e desejava entrar no Instituto. Ele já tinha feito o segundo ano de Teologia no seminário diocesano e tinha sido professor de latim e grego de alguns dos seminaristas do ensino básico. O próprio Carandino relata que em dezembro de 1883, foi a Asti para confessar-se com Marello e pediu-lhe para  entrar no seu Instituto, e que este pediu-lhe de fazer uma novena a São José para ver se era a vontade de Deus, enquanto ele também a faria. Passados nove dias ele foi aceito e  no dia 17 de janeiro de 1884, fez a vestição como membro da instituição de Marello e foi trabalhar a  serviço do cônego Cerutti no Michelerio, enquanto Pe. Cortona era assistente e professor na mesma obra. Dom Ronco continuava alheio à obra do Marello, contudo, por necessidade, devido à falta de padres na diocese, determinou em abril de 1884, que Pe. Cortona fosse prestar serviços em Castelvero, mesmo porque não o considerava inserido no Instituto de Marello.