A prepração e os inícios da Congregação (História - Capítulo II)


O CAMINHO PERCORRIDO PELA CONGREGAÇÃO
DOS OBLATOS DE SÃO JOSÉ
NOS SEUS PRIMEIROS
CINQUENTA ANOS DE HISTÓRIA
 1878 - 1930


CAPÍTULO II
A PREPARAÇÃO E OS INÍCIOS DA CONGREGAÇÃO


21 - Havia passado cinco anos desde que Marello marcava a sua presença dentro do Michelerio onde particularmente dirigia para Adoração Eucarística nas quintas-feiras, por isso foi mais fácil obter do cônego João Batista Cerutti, diretor desta obra, a permissão para dar início ao seu Instituto, alojando nesta casa os primeiros “Irmãos de São José”. Na verdade, Marello alugou uma pequena sala no andar térreo e mais uma outra que serviu de dormitório no andar superior, mas com o compromisso de que os membros de sua Fundação dariam assistência aos internos do Michelerio nas diversas sessões das oficinas de trabalhos, durante os recreios e nos dormitórios. É preciso lembrar que  enquanto fazia a preparação do lugar no Michelerio para colocar os primeiros membros de sua instituição, Marello tinha enviado, a alguns de seus amigos sacerdotes, uma carta descrevendo o seu projeto e solicitando suas colaborações para enviar-lhe eventuais candidatos. Conhecemos três das cartas, uma com a data de 4 de outubro de 1877, a outra com a data 4 de novembro do mesmo ano e a terceira com a data 7 de novembro, também do mesmo ano.


22 - O carisma fundacional e o patrimônio espiritual dos Oblatos é consequência do que Marello vivenciou na época da Fundação da Congregação. Naquele tempo, uma nova espiritualidade religiosa polarizava a Igreja (Eucaristia, Sagrado Coração de Jesus, Maria Virgem e São José...), formando uma espécie de simbiose, ou seja, uma espiritualidade que se colocava no plano prático da vida para a recuperação da vida cristã abalada pelas perseguições e pelas correntes ideológicas e filosóficas positivistas. Eis o porquê Marello propôs a espiritualidade de São José e como consequência uma simbiose, visto ela ter  em decorrência o amor à Igreja.


23 - Aos 4 de outubro de 1877, Marello escreveu que a Itália tinha sido a terra do monaquismo, mas então já não mais era, pois faltava esta consagração ao Senhor: ”Quantos discípulos verdadeiros de Cristo se encontram hoje na Itália, que durante muitos séculos foi a terra clássica do monaquismo?... Não é possível que no meio de uma multidão de cristãos faltem almas que desapeguem do mundo por amor a Jesus Cristo14. Por isso, o primeiro motivo pelo qual Marello fundou a Congregação foi precisamente para se fazer a experiência de consagração a Deus; isto se percebe no esboço da Regra Fundamental que enviou aos seus amigos nos dias 4 e 7 de novembro de 1877: ”... quem por qualquer razão... deseja seguir o Cristo de perto..está aberta a casa de São José15. Retirar-se e servir a Deus na Casa de São José (este é o carisma do Fundador). O lugar era a Casa de São José e o modelo São José (tomar as inspirações de São José, com as práticas de suas virtudes). São José é o modelo de vida apostólica laical; escondida e silenciosamente operoso.


24 - A “Companhia de São José” tinha a consagração dos seus membros com o estado religioso e não com o estado eclesiástico. De fato, somente em 1883 é que os seus membros chegarão ao sacerdócio. Marello coloca no primeiro esboço da “Companhia” a acolhida de membros sem estudos, ou de idade avançada, justamente para não tirar as vocações do seminário. Além do mais, para Marello aceitar esta categoria de vocação podia ser também devido à influência de São Francisco de Sales em sua vida, o qual para as regras das Monjas da Visitação tinha prescrito à aceitação todas as pessoas, também doentes e idosas, menos com doenças contagiosas.


25 - Marello previa duas classes de “Irmãos”: Oblatos e Coadjutores dos Oblatos, os quais eram chamados apenas para uma renúncia afetiva, com a pobreza de espírito, com a mortificação dos sentidos e com a obediência ao próprio Diretor, enquanto que os Irmãos Oblatos eram chamados à prática dos Conselhos Evangélicos.


26 - No início da “Companhia de São José”, os seus primeiros membros viviam em duas salas alugadas do cônego Ceruttti, uma para atividades durante o dia e outra para dormitório, sendo formados pelo Marello sobre as virtudes de São José, particularmente a partir dos ensinamentos que ele tinha tirado das meditações das obras de São Francisco de Sales sobre o santo. Exortava-os a imitá-lo no recolhimento, silêncio, abandono à vontade de Deus fazendo a cada dia o que a Providência indicasse. Marello tinha um conhecimento e uma estima muito profunda de São José, tinha ideias luminosas sobre as suas virtudes e dos seus privilégios, a ponto que os primeiros membros ficavam admirados e não se sabia de onde havia tirado tanta doutrina, dizia Pe. Medico e Pe. Carandino. A devoção (espiritualidade de São José) impregnou a vida dos primeiros Oblatos de modo que eles se sentiam seguros sob a sua proteção.